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Empresas Familiares – Algumas Considerações

Em quase todos os Países são as empresas familiares que se apresentam em maior número, geram mais empregos, e que como conjunto agregado são as mais importantes.


Em geral nascem pequenas, fruto do empreendedorismo de uma única pessoa, que com o tempo passa a ser ajudado por familiares, mas também ocorre de alguns familiares participarem do projeto desde o início.


Outras tornam-se familiares com o tempo, em decorrência dos filhos ou cônjuges dos fundadores que começaram o projeto como sócios (por vezes até “solteiros”), e que com o passar do tempo e o crescimento das famílias todos se aproximam como controladores ou até mesmo integrantes do empreendimento.


O mundo empresarial e corporativo tem características muito específicas e marcantes, em especial nos regimes de livre iniciativa; mas ao mesmo tempo que toda empresa é “igual”, é também “diferente e única”. Ou seja, é um desafio tremendo comentar qualquer tema que seja interessante e aplicável a todas.


Sejam as chamadas estatais, as “Multi ou trans nacionais”, as ligadas de alguma forma a “ongs”, e tantas outras, são, genericamente empresas – mas com suas próprias questões,


Muitas vezes o que fazemos é estudar o assunto sob o ponto de vista de grupos, que por sua vez apontam claramente para um certo estilo e cultura comum.


Esse corte no conceito das empresas parece se adaptar bastante ao que chamamos de empresas familiares.


Únicas por definição, formadas por suas próprias famílias, fiéis às suas origens, especializadas em seus segmentos, e com personalidade fortíssima do líder fundador, podem, para alguns assuntos, formar um excelente e riquíssimo universo de pesquisa, estudo e negócios.


Muito mais do que resultante de uma mera origem do capital, a empresa familiar frequentemente se confunde com a própria vida do fundador, e por extensão com a sua família.


Esse “intercâmbio” e até uma certa simbiose, como tudo na vida, tem mais de um lado, e não gera apenas contras e nem prós. A excelência nesse campo exige cautela e sabedoria.


Empresa e família afetam e são afetadas mutuamente, no que tiverem de bom e de não tão bom. Talentos e capacidades são trocados, assim como apoio em certos momentos, mas brigas e opiniões diversas, assim como “boicotes”, também. Quase tudo de certa forma se mistura, e frequentemente se perde até mesmo a clara dimensão de qual é qual, o que assunto é deste ou daquele universo.


Um dos pontos básicos e estruturais no campo da empresa familiar é a “Governança Corporativa”, que faz “toda a diferença” e pode impactar a própria sobrevivência da empresa (e da família).


Mentalidade e conceito fundamental em “praticamente tudo”, mas naturalmente aplicável às empresas, abraça conceitos como sustentabilidade (em todos os sentidos), profissionalismo, meritocracia, controles, responsabilidade, transparência, preservação e foco na empresa, igualdade de atenção a todos os “stakeholders” – conjunto de pontos que podem transformar positivamente toda a gestão e criar uma cultura empreendedora e vencedora.


Empresas com boa Governança Corporativa efetiva, necessariamente são mais éticas e melhor geridas, tem programas de “compliance” mais eficientes, e costumam fazer as “coisas certas”.


Uma família que se vê como criadora ou controladora de um negócio, de um empreendimento, precisa, em algum momento decidir se é (ou pretende ser), também, uma família empresária.


Tem-se, assim, dois conceitos fundamentais, que podem ou não seguir juntos e que são vitoriosos quando conseguem uma real identidade, Empresa Familiar e Família Empresária.


A empresa familiar que é composta ou controlada por uma família (ou várias) que se entende (e comporta) como empresária, necessariamente aprende a preservar, a proteger a empresa (e a família = uma da outra). Procura conseguir o melhor de ambas!!


Para que essa proteção reciproca ocorra, e ambas sejam vencedoras, é fundamental que sejam de alguma forma “isoladas”, no sentido que o que ocorre em uma, que talvez pudesse afetar negativamente a outra, não ocorra/não afete, ou seja rapidamente neutralizado.


Brigas e disputas, mágoas, visões muito diferentes etc, em um cenário, não deve afetar negativamente o outro. Vê-se aqui (ou não) a boa governança.


Embora não existam estatísticas efetivas, muito se critica as empresas familiares (como se todas fossem iguais) por misturarem demais as coisas e os conceitos, envolverem parentes no negócio sem o devido preparo, por haver uma certa “ditadura” do fundador, por não serem profissionalizadas na gestão e pela baixa governança. E isso ocorre muito mesmo.


De outro lado, em geral as famílias empresarias tem muito orgulho da obra do avô ou pais, e tem uma preocupação muito maior com a imagem e o próprio nome. São empresas muitas vezes bem mais comprometidas com a longevidade (mesmo que nem sempre consigam, por outras razões).


Se no Brasil, como em tantos outros Países (como citamos acima) as empresas familiares são a maioria, temos que conhecer mais e melhor esse conceito e as suas características e peculiaridades, e ajudar as empresas e as famílias a buscar a excelência como meta permanente.


Há muito a aprender e a trabalhar com as empresas familiares brasileiras, em benefícios das famílias e de todos os “stakeholders” de cada caso, mas também da nossa economia e do Brasil.


Conheçamos mais e melhor as empresas familiares brasileiras!! E as dos Países que de alguma forma se relacionam conosco.

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Leonardo Barém Leite – Presidente da Comissão de Empresas Familiares do IBREI

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