COMBATE À COVID-19: SOMOS TODOS IGUAIS? Um comparativo entre Brasil e Israel.
O novo coronavírus chacoalhou o mundo e mostrou que a Globalização e a internet diminuíram as distâncias do mundo, havendo coisas boas e ruins nesta proximidade entre os países e seus povos.
Sem dúvidas há mais vantagens que desvantagens, mas sempre devemos lembrar que seus países devem preservar suas autonomias e independências, inclusive na forma de tratar uma pandemia como essa.
De um lado pode haver influência na decisão de um país sobre as atividades de outro país – e um exemplo claro disso nesta época de loucura mundial, foi o fechamento dos espaços aéreos. De outro lado, não dá para dizer que a atitude adotada por um país deve necessariamente servir para outro.
Existem vários exemplos de países vizinhos que trataram o assunto de forma diferente e tiveram controles bastante parecidos, bem como de outros que trataram de forma igual mas tiveram resultados diferentes (no que se refere à rapidez e quantidade de contágio de sua população).
De fato, os melhores resultados foram vistos nos países que apertaram o isolamento, ao menos em um primeiro momento, dificultando o contágio e, com isso, tendo tempo de se preparar melhor ou – como muito se diz – impedir que haja o sufocamento da rede de saúde.
Mas isso, talvez, isso não possa ser analisado de modo igual para todos os países.
O exemplo que trago é o comparativo entre Brasil e Israel.
Brasil, com dimensão continental e Israel com dimensão diminuta (apenas para referência dimensional, Israel é praticamente do tamanho do Estado de Sergipe).
Além do tamanho, no que se refere à população, enquanto Israel está chegando a 10 milhões de habitantes, o Brasil já superou os 210 milhões (população mais de vinte vezes maior) há algum tempo.
Esses dois dados mostram vantagens e desvantagens para cada um dos países, seja no que se refere ao isolamento, seja no que toca ao retorno das atividades.
Outro fator que diferencia os países e, portanto, comprovam que não é possível copiar ipsis literis as soluções do país “A” pelo país “B” é exatamente sua situação econômica.
Sem querer entrar à fundo na situação vivida atualmente pelo Brasil, é possível dizer que Israel se via em uma situação bem mais confortável economicamente que o Brasil antes do início da bagunça (por razões de uma recessão que o Brasil estava começando a superar...); Além disso, a diferença de classes sociais (e, especialmente, salários) também influencia bastante neste momento.
Explico: em Israel tivemos um fechamento do comércio e um isolamento social que foi desde logo determinado pelo governo e, de modo geral, respeitado pelos cidadãos. O isolamento foi aos poucos (mas rapidamente) sendo cada vez mais apertado, chegando ao isolamento quase total, sendo permitido praticamente apenas os serviços essenciais (supermercado e farmácia).
A situação política, econômica e social do país – além de Israel ser, infelizmente, acostumado com condição de guerra tornando a população mais “habituada” com situações extrema – permitiram que os governantes tivessem a tranquilidade de elaborar e aplicar um plano de enfrentamento da pandemia extremo (ainda que, naturalmente, o desconhecido desta loucura obrigue a adoção de medidas e modificações de urgência).
Mais que isso, o israelense – que como o brasileiro é bastante solidário – ainda contou com o bom exemplo do setor público, do exército e do sistema de saúde, que prontamente assumiram atitudes importantíssimas visando o melhor enfrentamento do problema.
Após o período de afastamento mais rigoroso, as notícias que agora nos chegam são de abertura gradual do mercado.
O comércio já está começando a ter uma abertura maior. As escolas aos poucos retornarão à sua normalidade (apesar de ainda estarem a grande maioria dos estudantes ainda com aulas on-line), iniciando-se pelos de menor idade para os maiores (para que os pais também possam ir retornando aos seus trabalhos).
Os escritórios, as Startups, o judiciário etc., também estão aos poucos voltando à normalidade, com seus funcionários recebendo as orientações de retorno e as condições para isso (tais como distanciamento das estações de trabalho, uso obrigatório de máscaras, etc.).
O turismo – que vivia um momento de altíssima expansão antes da pandemia – é que ainda tem sofrido bastante e, possivelmente, será o que mais tarde conseguirá retomar suas atividades. Isso porque, além de depender das decisões internas do país, o setor depende também da abertura dos espaços aéreos, cuja decisão está na mão dos líderes dos diferentes países. Não obstante isso, já foi apresentado ao Governo um plano de retomada, o que se está sendo carinhosamente analisado.
Vale dizer que ao tratar da credibilidade do Governo, tudo isso ocorreu em uma Israel cuja indefinição política estava em alta já há mais de 1 ano, com nada menos que 3 (três) eleições sucessivas, sem que nenhum parlamentar tenha conseguido apresentar ao presidente detenção da maioria do Knesset (congresso) para, com isso, obter o direto de ser nomeado o Primeiro Ministro.
Esse assunto deixo para uma próxima oportunidade já que, ao que tudo indica, por conta da Covid-19, enfim conseguiu-se acertar uma coalização política com a formação do novo governo.
É importante mencionar que, assim como ocorre em todos os países, tanto o fechamento como o retorno do mercado são atitudes governamentais que podem rapidamente sofrer revezes. Só imaginar que, se a abertura demonstrar o aumento dos casos de contaminação – ou de óbitos –, fatalmente isso forçará o governante a fechar novamente o mercado.
Em suma, fechar ou abrir o mercado (assim como outras medidas de prevenção e enfrentamento) não tem receita certa e exata, devendo ser analisadas inúmeras circunstâncias, vez que a pandemia é ainda desconhecida. Parece que somente uma vacina – e Israel está entre os países que buscam fervorosamente encontrá-la – seria capaz de acalmar os ânimos do mundo.
Espero, sinceramente, que, mesmo diante dessa bagunça mundial, todos os países e seus cidadãos – governantes, empresários, empregados, etc. – consigam manter a serenidade para enfrentar e vencer essa batalha.
Fabio Ajbeszyc
Representante Internacional do IBREI em Israel – Advogado e Business Development
e-mail: fabioajba@gmail.com
fone/whatsApp: +972527061851
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